quinta-feira, 6 de junho de 2013

Coluna Formação – O cristão pode acreditar em horóscopo?



Caríssimos irmãos e irmãs, louvado seja o Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e para sempre seja louvado! Felizes de nós que completamos já um ano e meio juntos, meditando sobre a Lei de Deus e sobre as verdades que Ele nos revelou. Espero que a Coluna Formação esteja sendo útil para vocês ao longo desse tempo, auxiliando-os a crescer na fé, na esperança e na caridade. Desta vez, tocaremos em um tema um pouco delicado, justamente porque afeta muitas pessoas: a crença na astrologia. De fato, provavelmente todos nós conhecemos pessoas sinceramente devotas, que vão à Igreja todo domingo, rezam e creem em Nosso Senhor, mas que têm também o costume de consultar horóscopos, acreditando que os signos podem determinar nossas ações e os acontecimentos de nossa vida. “Afinal”, pode dizer-se, “que mal há nisso? É só uma olhadinha no jornal”. Será mesmo? Será realmente que a crença no poder dos astros é compatível com a nossa fé?
            A resposta para essa pergunta, sem dúvida alguma, é não. Vejam, é evidente que os astros têm poder e influência sobre nossas vidas. Assim, as marés estão relacionadas à Lua e se o calor do Sol está muito intenso, nosso corpo sofre diretamente com isso, o que pode, inclusive, afetar nosso humor. Por outro lado, também é certo que muitas vezes não há mal algum em se utilizar desta “influência astral” para prever certos eventos futuros. Por exemplo, é claro que não há pecado no astrônomo que prevê um eclipse ou no camponês que organiza sua colheita a partir da observação dos céus. No entanto, uma coisa é procurar prever eventos naturais, que não dependem da vontade humana, outra muito diferente é dizer que os astros determinam nossa maneira de agir. Eles podem até influenciá-la, mas nossa vontade sempre permanece livre e pode resistir a esta influência. Diz a Sagrada Escritura: “Desde o princípio, Deus criou o homem e o abandonou nas mãos de sua própria decisão” (Eclo 15,14). Para repetir o exemplo acima, é claro que o calor do Sol afeta nosso corpo, possivelmente nosso humor, tudo isto é involuntário, mas não quer dizer que ele determina se tomaremos necessariamente tal ou tal atitude. Pior ainda é quando se acredita que os astros são os responsáveis por acontecimentos grandiosos, que não têm qualquer causa natural, tais como encontrar o amor de nossa vida ou arranjar um emprego.
            Portanto, meus caros irmãos e irmãs, a astrologia é um caso em que a doutrina do Antigo Testamento permanece absolutamente válida, mesmo depois da vinda de Cristo: “Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia” (Dt 18,10). O próprio profeta Jeremias alertou o povo de Israel: “Assim diz o Senhor: ‘Não aprendais os caminhos das nações, não vos espanteis com os sinais dos céus, ainda que as nações se espantem com eles’” (Jr 10, 2). É verdade que alguma vezes Deus já anunciou o futuro de maneira sobrenatural para alguns de seus servos, mas essas previsões extraordinárias não são coisas que o homem deva procurar por si mesmo. É importante lembrar mais uma vez: se atribuímos aos astros o poder de determinar ações que dependem de nossa vontade ou que não têm qualquer causa natural, nós negamos a existência da liberdade humana, coisa que é condenada pela Escritura, e atribuímos aos corpos celestes um poder que só convém a Deus. Aliás, esse é motivo central pelo qual a consulta astrológica é e será sempre um pecado: ela confere à criaturas o que só cabe ao Criador. Afirmando um poder tão grande dos astros, um poder que só o Senhor tem, a pessoa peca contra o primeiro mandamento, que nos manda amar a Deus sobre todas as coisas e só a Ele adorar. Na prática, infelizmente, significa cair no politeísmo e acreditar como os povos antigos que os astros são deuses. Já dizia Santo Tomás de Aquino: “Aqueles que acreditam que os astros podem modificar a vontade dos homens, que para agir esperam certas épocas, naturalmente consideram os astros como deuses que dominam os outros seres e que fazem prodígios”. Ora, mas se isso tudo é tão absurdo, por que tantas vezes as previsões dos horóscopos parecem tão precisas? Bem, talvez se percebêssemos com atenção o quanto elas em geral têm de vago, não nos impressionaríamos tanto com isto.

            Deus, meu irmãos, quer que sejamos fiéis a Ele, a começar pelas pequenas coisas. Assim, não foi com intenção de condenar ninguém que escrevi este texto, mas sim de ajudá-los a perseverar no Caminho. Se você acreditava em astrologia até hoje sem saber que ela é contrária à fé, fique tranquilo, não há culpa de sua parte. Se mesmo sabendo, pôs-se a crer em horóscopos, procure o padre e verifique se é caso de se confessar. E acima de tudo, não se aflija a respeito do futuro, do que irá acontecer: você é um filho de Deus e o Pai estará sempre cuidando de nós. Ao invés de verificar a previsão do signo, reze e siga em frente. Até o mês que vem!
Por Pedro Ribeiro para o Informativo Paroquial de Santo Aleixo.

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