Caríssimos irmãos e irmãs,
louvado seja o Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e para sempre seja louvado!
Felizes de nós que completamos já um ano e meio juntos, meditando sobre a Lei
de Deus e sobre as verdades que Ele nos revelou. Espero que a Coluna Formação
esteja sendo útil para vocês ao longo desse tempo, auxiliando-os a crescer na
fé, na esperança e na caridade. Desta vez, tocaremos em um tema um pouco
delicado, justamente porque afeta muitas pessoas: a crença na astrologia. De
fato, provavelmente todos nós conhecemos pessoas sinceramente devotas, que vão
à Igreja todo domingo, rezam e creem em Nosso Senhor, mas que têm também o
costume de consultar horóscopos, acreditando que os signos podem determinar
nossas ações e os acontecimentos de nossa vida. “Afinal”, pode dizer-se, “que
mal há nisso? É só uma olhadinha no jornal”. Será mesmo? Será realmente que a
crença no poder dos astros é compatível com a nossa fé?
A
resposta para essa pergunta, sem dúvida alguma, é não. Vejam, é evidente que os
astros têm poder e influência sobre nossas vidas. Assim, as marés estão
relacionadas à Lua e se o calor do Sol está muito intenso, nosso corpo sofre
diretamente com isso, o que pode, inclusive, afetar nosso humor. Por outro
lado, também é certo que muitas vezes não há mal algum em se utilizar desta
“influência astral” para prever certos eventos futuros. Por exemplo, é claro
que não há pecado no astrônomo que prevê um eclipse ou no camponês que organiza
sua colheita a partir da observação dos céus. No entanto, uma coisa é procurar
prever eventos naturais, que não dependem da vontade humana, outra muito
diferente é dizer que os astros determinam nossa maneira de agir. Eles podem
até influenciá-la, mas nossa vontade sempre permanece livre e pode resistir a
esta influência. Diz a Sagrada Escritura: “Desde o princípio, Deus criou o
homem e o abandonou nas mãos de sua própria decisão” (Eclo 15,14). Para repetir
o exemplo acima, é claro que o calor do Sol afeta nosso corpo, possivelmente
nosso humor, tudo isto é involuntário, mas não quer dizer que ele determina se
tomaremos necessariamente tal ou tal atitude. Pior ainda é quando se acredita
que os astros são os responsáveis por acontecimentos grandiosos, que não têm
qualquer causa natural, tais como encontrar o amor de nossa vida ou arranjar um
emprego.
Portanto,
meus caros irmãos e irmãs, a astrologia é um caso em que a doutrina do Antigo
Testamento permanece absolutamente válida, mesmo depois da vinda de Cristo:
“Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem
que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia” (Dt 18,10). O próprio
profeta Jeremias alertou o povo de Israel: “Assim diz o Senhor: ‘Não aprendais
os caminhos das nações, não vos espanteis com os sinais dos céus, ainda que as
nações se espantem com eles’” (Jr 10, 2). É verdade que alguma vezes Deus já
anunciou o futuro de maneira sobrenatural para alguns de seus servos, mas essas
previsões extraordinárias não são coisas que o homem deva procurar por si
mesmo. É importante lembrar mais uma vez: se atribuímos aos astros o poder de
determinar ações que dependem de nossa vontade ou que não têm qualquer causa
natural, nós negamos a existência da liberdade humana, coisa que é condenada
pela Escritura, e atribuímos aos corpos celestes um poder que só convém a Deus.
Aliás, esse é motivo central pelo qual a consulta astrológica é e será sempre
um pecado: ela confere à criaturas o que só cabe ao Criador. Afirmando um poder
tão grande dos astros, um poder que só o Senhor tem, a pessoa peca contra o
primeiro mandamento, que nos manda amar a Deus sobre todas as coisas e só a Ele
adorar. Na prática, infelizmente, significa cair no politeísmo e acreditar como
os povos antigos que os astros são deuses. Já dizia Santo Tomás de Aquino:
“Aqueles que acreditam que os astros podem modificar a vontade dos homens, que
para agir esperam certas épocas, naturalmente consideram os astros como deuses
que dominam os outros seres e que fazem prodígios”. Ora, mas se isso tudo é tão
absurdo, por que tantas vezes as previsões dos horóscopos parecem tão precisas?
Bem, talvez se percebêssemos com atenção o quanto elas em geral têm de vago,
não nos impressionaríamos tanto com isto.
Deus,
meu irmãos, quer que sejamos fiéis a Ele, a começar pelas pequenas coisas.
Assim, não foi com intenção de condenar ninguém que escrevi este texto, mas sim
de ajudá-los a perseverar no Caminho. Se você acreditava em astrologia até hoje
sem saber que ela é contrária à fé, fique tranquilo, não há culpa de sua parte.
Se mesmo sabendo, pôs-se a crer em horóscopos, procure o padre e verifique se é
caso de se confessar. E acima de tudo, não se aflija a
respeito do futuro, do que irá acontecer: você é um filho de Deus e o Pai
estará sempre cuidando de nós. Ao invés de verificar a previsão do signo, reze
e siga em frente. Até o mês que vem!
Por Pedro Ribeiro para o Informativo Paroquial de Santo Aleixo.
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